domingo, 28 de março de 2010

No limiar entre a paz e a loucura

Esqueço nomes
Esqueço razões
Esqueço dos meus limites
Não sei onde acabo
Ou até onde ainda "sou eu"
Esqueço-me de tudo
Esqueço até dos sons - fora os seus
Que por serem tão meus, pra mim
Fazem-me esquecer de mim

terça-feira, 23 de março de 2010

Minimizando-me

tenho aceitado perdas e ganhos
tão fácil
de tamanhos tão proporcionais
que idolatro cada assimetria
exalto falhas graves
golpes de estado, revoluções, entraves
prender-me no inferno, me cegar com a luz do dia
tremer no inverno, chuva de canivete
vou me oferecer a ogum pra ser dividido em sete
algo assim que me torne pequeno
pra eu depois enxergar os minimos detalhes
e me esconder na tua pele
teus poros serão minha toca
e teus pelos me levarão aos céus
cada farpa, antes cômodos incômodos
quando eu me encontrava tão imenso
seriam agora, pequeno, um corte profundo
uma faca no peito
e quando meu sangue escorresse
você sentiria cócegas e sorriria
e eu seria então feliz
por saber que o meu sofrer tão pequenino
disfarçou sua grandeza com um gesto de criança

terça-feira, 16 de março de 2010

Faça, fuce, force

Faça, fuce, force, mas,
Não fique na fossa
Faça, fuce, force, mas,
Não chore na porta
Faça, fuce, force, vá!
Derrube essa porta
Trace, fuce, force, vá!
Que essa chave é torta*

E a fechadura, gasta.

Faça, fuce, forçe - Raul Seixas

sexta-feira, 12 de março de 2010

Imbróglio

Muita sinceridade e pouco olhos-nos-olhos.
E, assim, mesmo a sensação de muito-mais-e-melhor não traz orgulho algum.
Aquilo que é efêmero costuma ser bom, mas é inevitavelmente pouco.
E o quero-mais é mais uma dúvida do que um gosto.