segunda-feira, 30 de novembro de 2009

Ephemeroptera

- Te amo, te quero pra mim.
- De verdade?
- Juro pelo céu e pela terra.
- Pra sempre?
- Não, é claro que é só por hoje.

quinta-feira, 26 de novembro de 2009

Negativo

A perda é um troço difícil. Não todo o seu processo, nunca liguei muito pra processos. O que dói mesmo é aquele instantezinho, aquele momento tênue entre o ter e o não ter mais. Depois, superar é coisa de cada um, se for do tipo de coisa que se supera. Mas aquele aceno, aquela olhada pra trás ou mesmo aquele caminhar firme sem mais troca de olhares, isso sim é jogo duro.

É mais difícil ainda quando não faz sentido. Sabe quando você sempre jurou não ligar pra certa coisa e fica tonto quando a deixa? É como morrer o Deus de um ateu. É como o anarquista que vê a última autoridade cair.

Nessas horas a gente aprende, que a gente é inevitavelmente dependente de tudo aquilo que a gente não é, de tudo aquilo em que a gente não acredita, de todos aqueles de quem não gostamos, de todas as ideologias com que não concordamos, para sermos o que somos.

quarta-feira, 25 de novembro de 2009

Cena Musical Independente

Boa notícia.

No próooximo final de semana (o dos dias 5 e 6 de dezembro) vai rolar um festival de música independente. O festival se chama Cena Musical Independente e é organizado pela Secretaria de Cultura do Estado de São Paulo.



Essa é a segunda edição do festival, que busca dar visibilidade às bandas que tem "pouca, ou nenhuma, ligação com o mercado fonográfico". Foram escolhidas 10 bandas do de São Paulo por uma comissão formada por "entendidos" de música, entre eles Lúcio Ribeiro, do blog Poploaded e Clemente Nascimento, do site da ShowLivre. Fora mais 4 bandas convidadas.

O palco da Cena Musical Independente vai ser o Memorial da América Latina, tendo a sua abertura em um mini auditório, os show em um palco externo e também exibições de vídeos no Espaço Vídeo.

A programação do evento vai ser essa:

Sábado - 05/12/09

Abertura oficial - 13h - Mini auditório

Bate-papo com bandas e convidados - 13h30 - Mini auditório

Jalapeño - 14h30 - Palco externo

Juliana R - 15h30 - Palco externo

Macaco Bong - 16h30 - Palco externo

Pélico - 18h - Palco externo

Moxine - 19h30 - Palco externo

Rafael Castro & Os Monumentais - 20h - Palco externo

Instituto (show Tim Maia Racional) - 21h - Palco externo

Domingo - 06/12/09

Culto ao Rim - 14h30 - Palco externo

Tulipa Ruiz - 15h30 - Palco externo

Júpiter Maça - 16h30 - Palco externo

Garotas Suecas - 18h - Palco externo

Alan Delon - 19h - Palco externo

Milokovic - 20h - Palco externo

Ultraje a Rigor - 21h - Palco externo



Se interessa a alguém a minha indicação pessoal, recomendo os show do Macaco Bong, Garotas Suecas e Júpiter Maça.

Legal a iniciativa do estado de dar chance a essas bandas da cena independente. Aproveitem!

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Sinestesia

Meus dias têm misturado o que me faz revirar o estômago ao que me faz bater o coração.

sábado, 21 de novembro de 2009

I'm gonna buy this town and put it all in my shoes

Eu sei que com a evolução da internet esse vídeo já está longe de ser uma raridade, mas acho legal postar. O vídeo me faz entender porque o Jimi Hendrix sempre foi o guitarrista favorito de todos os meus guitarristas favoritos.

terça-feira, 17 de novembro de 2009

The Laughmaker

Boa notícia.

A partir de amanhã, dia 18 de novembro, começa no Centro Cultural Banco do Brasil uma mostra sobre meu diretor de cinema favorito: Woody Allen.



A mostra, que vai de 18 de novembro ao dia 13 de dezembro, vai exibir mais de 40 filmes sobre o cineasta. Entre os filmes da mostra 40 filmes são dirigidos por Woody Allen, somados a filmes em que ele atuou, que o influenciaram ou que falam sobre ele, como o documentário-pocket "Meetin' WA" de ninguém menos que Jean-Luc Godard, que é amigo do diretor.

Comecei a gostar de Woody Allen como comecei a gostar das coisas que gosto há mais tempo na minha vida: não gostando, não muito, não de primeira. O primeiro filme dele que assisti foi Manhattan, a história de um escritor nova-iorquino (se quer assistir a obra do WA, acostume-se com esse personagem) que se envolve com uma garota de 17 anos enquanto termina de escrever um livro sobre seu relacionamento com sua ex-mulher, que o largou para ficar com outra(sim, outra). Por mais que esse filme faça parte da porção mais madura da obra dele, ainda tem um flash ou outro do humor "paspalhão" que eu perceberia fortemente ao ler o livro Que Loucura! (Side Effects).

Sei lá, o humor no mínimo no-sense não me agradou de primeira, mas fui aos poucos aprendendo a apreciar, e hoje gosto demais. Morro de rir com filmes como Bananas (1971) e, talvez o mais feito em cima de piadas prontas, Um Assaltante Bem Trapalhão (1969), que tem, aliás, uma participação especialíssima de um Silvester Stalone em começo de carreira.

Desde que aprendi a gostar de WA, assisti vários filmes e li também o livro Adultérios dele. Gostando sempre, não é à toa que hoje ele é meu diretor favorito. Nessa mostra vou tentar assistir o máximo de filmes possível, em minha epopeia para um dia conhecer todos os filmes do Woody Allen (aceito companhia).

Do que eu conheço, recomendo os seguintes filmes:



Vicky Cristina Barcelona - porque tem a Penélope Cruz, e ela é linda, ponto. Ah, e a trilha sonora desse filme também é 10, com Paco de Lucia e tudo.



Bananas - ótima sátira de revoluções latino-americanas, super engraçado.



Annie Hall (ou Noivo Neurótico, Noiva Nervosa)- história em que o personagem de Woody se apaixona por uma garota lindinha, fofinha, e complicadinha. Super fófis.

O centro Cultural Banco do Brasil fica na Rua Álvares Penteado, número 112. Ali no centrão, prédio bem bonito. A programação da mostra pode ser vista no site www.woodyallen.com.br.

Bem, boa mostra pra vocês, e eu e todo mundo.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Se às vezes digo que as flores sorriem

Aprendendo algo sobre mim: eu adoro Alberto Caeiro.

Se às vezes digo que as flores sorriem
E se eu disser que os rios cantam,
Não é porque eu julgue que há sorrisos nas flores
E canto no correr dos rios...

É porque assim faço mais sentir aos homens falsos
A existência verdadeiramente real das flores e dos rios.

Porque escrevo para eles me lerem sacrifico-me às vezes
À sua estupidez de sentidos...
Não concordo comigo mas absolvo-me
Porque não me aceito a sério,
Porque só sou essa cousa odiosa, um intérprete da Natureza,
Porque há homens que não percebem a sua linguagem,
Por ela não ser linguagem nenhuma

Alberto Caeiro

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

There are many thing that I'd like to say to you, but i don't know how

Tem uma coisa que eu descobri esses dias e queria te contar. Teu medo era o mesmo que o meu: que talvez eu não sentisse tudo o que você sentia, na mesma intensidade e natureza. Meu problema foi que comigo era mais que medo, era a mais crua das certezas. Eu sabia disso e não queria de jeito nenhum aceitar. Passei meses batendo o pé, esperniando, empurrando essa verdade pro fundo mais escuro do meu peito em um lugar onde ela não pudesse te atingir, porque a mim ela já comia por dentro.

Mas tava tão errado isso. Eu sempre tive todos os motivos do mundo pra te amar, eu te contei alguns deles uma vez. Foi tão difícil dizer. Eles eram tão verdadeiros, era tudo tão lógico, mas eu sabia que a conclusão óbvia que você tiraria deles estaria errada. Amar não é uma coisa lógica, e não entender isso foi o meu maior erro.

Eu achei que se deixasse, se me permitisse, com o tempo eu ia sentir tudo aquilo que você sentia. Eu pensei que tudo isso aconteceria, assim, naturalmente.
"Quero dizer que sim, que acreditei, mas ela não pára, tanta tesão mental espiritual moral existencial e nenhuma física, e eu não queria aceitar que fosse isso"
Eu sei que você não gosta de Caio F., mas esse trecho dele expressa muito bem o que eu senti.

Eu fiquei com você e por um tempo foi, mesmo, bom pra caralho. E eu fiquei tão feliz, eu acreditei que tava mesmo dando certo, ou talvez estivesse. Mas lembra daquela verdade, escondidinha no inferno do meu peito? Por mais felizes que tivessemos sido por um tempo, ela não sumiu. Felicidade é uma coisa tão efêmera que não mata nem o que é ruim. Você tocando Velvet Underground, eu tocando Beatles, nós dois ouvindo Hendrix, isso no meio de tanta coisa, não consigo entender que eu precise de mais. Não consegui aceitar que eu precisasse de mais. Então eu entendi que não tava faltando nada mesmo. Eu só precisava de algo diferente. Aquilo não daria certo, a vida decidiu isso por livre e espontânea vontade. E quem diria, que eu, um ateu muitas vezes convicto, diria alguma coisa sobre uma força superior. Quem diria que eu acreditaria que certas coisas nós e a nossa razão tão super valorizada não seriam capazes de controlar.

E você percebeu isso, eu via isso nos seus olhos. Era um olhar tão triste que me doía todo. Era um olhar que olhava bem alí, em direção àquela verdade do meu peito e que me fazia gritar. Então eu não pude mais suportar, nem você conseguia mais.

Acontece que você suportou mais que eu, você conseguiu forças não sei de onde pra acreditar que a gente podia dar certo mas eu não pude aceitar. Eu não ia conseguir ver tuas forças acabarem. Fiz o que eu achei certo e espero que um dia você entenda, que um dia você me perdoe, ou que pelo menos um dia você me esqueça, se é que já não me esqueceu. Eu sempre te quis tão bem, só que não pra mim.

Meu amor por você foi a mentira mais sincera que eu já contei.

domingo, 8 de novembro de 2009

A Última

Ela só pensava nele, em quando ele ia agir, como ele ia agir. Pensava isso há tanto tempo que passou também a pensar se ele chegaria mesmo a fazer alguma coisa. Ele só pensava em fumar mais um cigarro, mais uma cerveja, em tecer comentários sobra as pessoas em volta e em despentear o cabelo com uma mão como ele sempre fazia, quando não sabia mais o que fazer. E, por pensar em tudo isso, não é que não pensava nela. Fazia tudo isso para chamar a atenção dela, fazer alguma pose de algo que não era exatamente ele, porque talvez se comportar de modo diferente seja um jeito de fazê-la pensar nele. Ele só pensava nela, em quando ele ia agir, como ele ia agir. Pensava isso há tanto tempo que passou também a pensar se ele teria coragem para fazer alguma coisa. E estava claro que ela queria que ele fizesse algo, ele sabia perfeitamente disso. Não que ela estivesse fazendo tipo, jogando o cabelo por trás dos ombros, mordendo os lábios, ou qualquer coisa dessas que garotas fazem quando estão interessadas em alguém. Ele simplesmente sabia que ela queria algo, pelo simples fato da presença dela naquele lugar. Em volta, sofás rasgados, garrafas vazias esquecidas, maços vazios esquecidos, pessoas vazias esquecidas. Não era o tipo de lugar que ela frequentaria, a não ser que estivesse interessada nele.
- Nossa, o que esse cara pensou pra se vestir assim?
- Ha, realmente, faltou um pouco de bom senso.
Nessa conversa ela não estava interessada. Nessa conversa ele não estava interessado. Sabia que a falta de bom senso estava em não tomar atitude, e ele havia prometido a si mesmo que faria alguma coisa. Sempre depois de só mais uma música, sempre depois de só mais uma cerveja, sempre depois de mais só mais um cigarro. E assim foi, até o sempre se esvair. Nunca depois de todas aquelas músicas, nunca depois de todas aquelas cervejas, nunca depois de todos aqueles cigarros.
Estavam tão impacientes que não conseguiam mais conversar, acabaram os comentários a se fazer. Aquilo tudo era tão triste, eram duas pessoas que mereciam se ter. Tinham tanto pra ensinar um pro outro, tantas viagens, tantos mundos a compartilhar. Eram tão feitos para si que todos os deuses, santos, anjos e orixás conspiravam a favor dos dois. Essa conspiração era tão grande que ficava entre eles. Como uma montanha imensa de responsabilidade de fazer aquele encontro dar certo. Ele não conseguia agir e ela não aguentava mais esperar. Ele juntou toda sua a coragem, o pouco atrofiado que sobrou depois de tantas horasde um fracasso silencioso. Juntou tudo.
E ele só conseguiu olhar, um olhar tão desesperado, um olhar tão sincero, um olhar tão doloridamente apaixonado que ela entendeu imediatamente.
Silêncio.
- O que?
- Vem cá.
E foram.

sexta-feira, 6 de novembro de 2009

Manual do Minotauro




Faz algum tempo que eu sigo o blog do Laerte. Cheguei a ele por outro blog, o Trabalho Sujo.
Acontece que antes de entrar no blog do Laerte eu não sabia nada dele, se é que agora eu sei. Tinha visto acho que só uma entrevista dele no programa do Pasquale na tevê cultura, que me foge o nome. Nessa entrevista o Laerte falou um pouco dos seus personagens e de um livro seu, mostrou uma tirinha ou outra, e chamou minha atenção.
Foi por essa curiosidade despertada pela entrevista que cliquei no endereço do blog do Laerte quando o Trabalho Sujo falou dele. Aí conheci o seu trabalho.
Entrei no blog do Laerte bem na hora certa, quando ele se focou em uma série de tirinhas chamada "drágea", quando ele mudou bem o seu estilo de fazer tirinhas. O Laerte atual, ou pelo menos o que eu conheço ou o que eu tiro dele, deixou de se basear em personagens e não deixa nada explícito em suas tirinhas.
Essas tiras, as que me interessam, não falam de nada exatamente e nem fazem muito sentido. E é disso que eu gosto. E por isso mesmo que não vou falar mais nada delas, prefiro que vocês mesmo descubram o que são, aqui:

Manual do Minotauro

Iá iá

"Eu lí num soneto de amor que as lágrimas que tu não chora (iá-iá, iá-iá) vão pra um rio dentro de tu" - Céu

Ah, esses tantos que rimam amor e dor
Não sabem nada, nem de rima nem de métrica
Não sabem fugir dos lugares comuns
Contam sempre a mesma ladainha
Por falta do que falar

Esses, que rimam amor e dor
São pessoas superficiais
Não tem inspiração pra sua poesia
Nem deveriam se dedicar a isso

Duvido que algo saibam da vida
E de seus mistérios
Ou de suas obviedades

Mas esses nem são seus maiores problemas
Os que rimam amor e dor
O fazem porque nunca amaram

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

De encontro

"Just 'cause you feel it, it doesn't mean it's there" - Radiohead

E somos tão pouco um do outro
Tão meticulosamente diferentes
Tão minunciosamente inversos
Tão milimetricamente opostos
Tão definitivamente aversos
Tão infinitamente contrários
Bruscamente antitéticos
Que é como se ela fosse o negativo
Do meu autorretrato

quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Aglomerada solidão



"É que eu to sozinho a tanto tempo que eu esqueci o que é verdade e o que é mentira em volta de mim" - Cazuza

Peixes fora d'água. É isso que somos, todos nós. Só e tudo isso.
Alguns mais outros menos adaptados à vida na superfície, essa superfície de ar transparente e rarefeito. É tão diferente da opacidade do fundo de um oceano.
Lutamos para nos acostumar, cada um fingindo fazer naturalmente parte de tudo isso. Tentando não se debater, disfarçando cada espasmo.
Ah, como é difícil respirar aqui fora. Cada vez que tragamos esse ar, desce tão estranho, queimando a garganta, queima sempre, não importa se já se tornou um hábito de anos, essa coisa de hábito não existe. Ninguém se acostuma a respirar.
Ando pelas ruas e vejo histórias: pobres, moças, santos, loucos, viúvas, putas, ditadores, sadomasoquistas, poetas, imperadores, assassinos e napoleões. Todos desesperados, sempre. Desesperados pela garota ao lado, pela conta não paga, pelo último cigarro, paz mundial, mal orgasmo, calo doído, meia molhada, bolsa de valores, bomba atômica, chá de cozinha. É tudo desespero.
Todos sozinhos, cada um com um mar de distância do outro. Aquele mesmo mar daonde foram tirados. E ,por isso, toda mínima insinuação de interação com outro, um alguém qualquer, desperta as maiores das esperanças. Um sorriso convidativo depois daquela troca rápida de olhares, aqueles olhares que revelam, em uma fração de segundo, que aquela outra pessoa é igualzinha a você. A cortesia, o por favor, o obrigado, o com licença, o não-tem-de-quê. Tudo parece uma tentativa desesperada de talvez se encontrar em outro, de voltar a sentir aquela sensação, daquele lugar de onde todos foram retirados, aquela sensação que ninguém nem sabe se um dia sentiu. O últero materno? Não sei, Freud explica, ou tenta.
Todos nós tentamos.

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Bilhete

"Se tu me amas, ama-me baixinho
Não o grites de cima dos telhados
Deixa em paz os passarinhos
Deixa em paz a mim!
Se me queres,
enfim,
tem de ser bem devagarinho, Amada,
que a vida é breve, e o amor mais breve ainda..." - Mário Quintana

Império

"O amor é o ridículo da vida. A gente procura nele uma pureza impossível, uma pureza que está sempre se pondo, indo embora. A vida veio e me levou com ela. Sorte é se abandonar e aceitar essa vaga ideia de paraíso que nos persegue, bonita e breve, como as borboletas que só vivem 24 horas. Morrer não dói." - Cazuza

Não, não, não e não
Se comporta
Como um bom menino
Toma banho
Escova os dentes
Pede por favor
E dize obrigado
Assim como eu faço
Estuda, se esforça
Faze a tua obrigação
Eu sempre fiz a minha
Se foca, é sério
A vida é dura e dói
Batalha, luta
Atende o telefone
Fala igual macho
Voz grossa, como a minha
Escolhe tua carreira
Te mantém na linha
Como um bom rapaz
Procura emprego
Batalha emprego
Se afoga, no emprego
Amar é coisa de gente fraca
Esquece isso, supera
Arranja alguém que te suporte, só
Que saia sorrindo do teu lado na foto
Que saiba fazer de tá-tudo-bem
Faz filho, cria
Como um homem tem que fazer
Como eu sempre fiz
Mas, oh, não se esquece
De se afogar, no emprego
E lembra de chamar essa coisa toda de vida
Essa coisa:
Tua cria, tua mulher, teu carro, tua tevê
Talvez não nessa ordem
Depois, se tranca
Fecha as portas
Fecha as janelas
Fecha tudo, direitinho
E liga o gás
Como um bom menino
Como eu devia ter feito

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

Desafio




Poesia não é difícil de se fazer
Ela mesmo se faz, assim,
É só você molhar, de leve, o papel com a tinta

Difícil é ser poesia.

Urgência

"A liberdade, quando se tem, é para ser exercida.
Senão, é um portão enferrujado, por onde ninguém passa.
Nem para dentro, nem para fora." - Leon Cacof


Esse mundo tem umas coisas doidas.
Acredita que hoje vi um velho com pressa?
E veio me olhando
Todo assustado
Quando eu
Todo jovem
Parei pra dar passagem.

Quase nada

O que há de mal
Em querer ser (e ser) mais um,
De vez em quando,
Se não há saída para a vida
Senão a morte?
Mas essa não me parece
Um caminho
É só algo a me perseguir
Enquando estou a te seguir

Quero ser mais um
Na vida, pra vida
De vez em quando

Quero ser nenhum, pra morte
Até alguma vez a me esperar

Só não quero ser mais um
Algum, qualquer um, pra ti

De ti quero tudo
Pra ti quero ser tudo

E de mim, também quero mais um pouco