terça-feira, 22 de dezembro de 2009

Sobre seres encantados

Céus, eu faço questão de nunca encontrar "a pessoa perfeita". QUE!? Isso mesmo, defeitos são absolutamente essenciais. São eles que tornam as pessoas encantadoras, são eles que fazem das qualidades, qualidades. Eles servem para realçá-las. A sobremesa não teria razão de ser se as refeições fossem doces.
Alguma incapacidade temos que ter. Como surpreender as pessoas se elas não nos subestimarem?
Os nossos defeitos nos fazem ser quem somos. Podemos ser só amores, mas sempre seremos lembrados pelos nossos narizes grandes demais, nosso excesso ou falta de peso, nossos olhos meio vesgos, vozes muito graves ou estridentes.
Se ninguém conhece pessoas perfeitas isso não quer dizer que elas não existam. Talvez somente não sejam populares, de tão monótonas que a perfeição as deixou. Talvez vivam em sua comunidade de pessoas perfeitas, sem drogas nem rock 'n' roll. Sexo? Só para reprodução.
Quando assistia aos filmes da Disney) eu sempre me interessava pelas antagonistas ao invés das princesas. A madrasta da Branca de Neve é irresistível. Como pode alguém não morrer de amores pela segunda pessoa mais bonita do mundo?

Zona de Confronto

Não tá bom, mas tá confortável. E isso é uma merda. Porque só quando incomoda dá vontade de mudar.

Bingo

Ah, os dias de sorte
Em que a vida nos vive
Para que não desistamos de vivê-la
Nos dias de azar

segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

La Blogotheque



Um dos meus lugares favoritos nesse mundinho cibernético é a seção Concerts A Emporter, do site francês La Blogotheque. Os concerts à emporter são o podcast da Blogotheque, idealizados por Chryde e Vincent Moon, e tiveram início em abril de 2006. Toda semana um artista é convidado para tocar nos lugares mais inusitados; pode ser na rua, em um café, uma loja, um banheiro, um galpão abandonado e por aí vai. São convidados desde artistas pouco conhecidos como artistas consagrados, como as bandas Beirut, Sigur Rós e The Young Gods. Os vídeos não são editados, mantendo as falhas na captura do som e o som ambiente, tudo para transmitir de modo mais fiel a atmosfera do momento em que os vídeos são gravados.

Beirut - Nantes


Jason Mraz - It's A Lovely Day


Claro que o que mais vale a pena é ver os vídeos, mas eu gravei o aúdio de alguns dos vídeos que eu mais gostei, organizei em uma playlist e agora disponibilizo pra vocês.

Lista de músicas:
1. Shift / Grizzly Bear 3:55
2. How Low / José Gonzaléz 2:51
3. Blue Ridge Mountains / Fleet Foxes 4:33
4. Are We Different / Priscilla Ahn 2:29
5. It's A Lovely Day / Jason Mraz 3:52
6. Made-up Love Song / Guillemots 3:19
7. Nantes / Beirut 4:32
8. Australia / The Shins 3:56
9. Dance Dance Dance / Lykke Li ft. El Perro Del Mar 3:29
10.Crazy / The Kooks 2:45
11.Við spilum endalaust / Sigur Rós 3:15
12.Bur Oak / Bowerbirds 5:10

Tempo total : 44 minutos

DOWNLOAD (39,7MB)

sábado, 19 de dezembro de 2009

Cresceu

Olha para as paredes do seu quarto e não sabe o que pensar. Tudo o que vê parece tão novo que nem parece que ele já está ali faz tempo. Parece que alguém diferente se mudou pra lá e mudou tudo junto com ele. Às vezes sente que tudo que é hoje aprendeu a ser em algumas poucas horas. Sem o espanto de uma surpresa, parece que se apresentou a ele mesmo pronto - não pronto, no seu sentido mais caduco, mas do jeito que é, agora - e tivesse se aceitado assim, naturalmente. Quando lembra do seu passado mais remoto não se reconhece. Tudo o que fala, vê, pensa, toca, sente não combinam muito bem com aquele guri com medo do mundo que ele lembra ter sido. Não que não exista mais medo, mas dessa vez ele vem junto com a coragem de enfrentá-lo. Uma coragem às vezes tímida, mas que pouco a pouco dá as caras, tornando-o diferente daquele rapaz que foi. Quando ainda não era muita coisa. Dele, guarda a curiosidade, a insatisfação com tudo e a teimosia de sempre. Na verdade, as qualidades - e defeitos - são as mesmas, só que agora mais seguras e conscientes de si mesmas. Se antesera um garoto chato, hoje é chato refinado, desses candidatos a ser o chato favorito de algumas pessoas, daquele jeito como Mário Quintana descrevia seus amigos. Amigos esses que, diferente de antes, parecem-se mais com ele. Ou será que ele é que foi se parecendo cada vez mais com eles? Essa semelhança crescente talvez consiga ferir aquele sentimento de que somos únicos, mas também faz com que possamos nos sentir parte de algo maior, nos tornando menos sozinhos. Menos monstros. E isso é bom.

Reflexo

Eu não gostei não, mas vou publicar mesmo assim. Meu blog tá ficando com mais racunho do que texto publicado.

-

A música te consola
Se te encontra sozinha
Ou na tristeza te atola

Até mesmo sem melhora
Serve ao menos pra secar
O pranto que você chora

Eu não tenho quem me acuda
Da chuva que você trás
Pois se o som é o seu remédio
Desse eu já usei demais

Mas quem sabe eu melhore
Por tentar te escrever
Mas isso que eu to sentindo
Não sei como descrever

É vazio e é carência

É o medo da demora
De quem tá calado agora
É fadiga do silêncio
Que pra passa não tem hora

Ná verdade não é nada
Foi só algo que me deu
Ao ver tua face molhada

segunda-feira, 14 de dezembro de 2009

Carmesim

Como não se bastasse a conveniência do programa televisionado, do mp3, das capas de revista, enfim, da cultura engarrafada, tem sempre aquela que se cansa de tudo. Procura espaços novos e nunca se encontra no lugar-comum, a não ser que a esperem fora dali. É como se a vida fosse a arte de se apaixonar pelo desconhecido, esquecê-lo sempre, descobrir o que já foi esquecido e revisitado exaustivamente, como se fosse a primeira vez. A benção da memória fraca é sempre se surpreender. Tem sempre aquela que acha muito mais graça no cheiro da pipoca do que na música dos Stones. Na foto antiga, em preto e branco, do que no cinema 3D. No sapato social ao invés do All Star. Nunca seguindo um padrão. Pode ser isso ou aquilo. Bossa nova e roquenrou. Odeia perguntas e acha graça do que não entende. E vai embora sem se despedir.

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Finalidade

"O princípio da finalidade não é constituitivo, mas regulador." Immanuel Kant

Não que eu sempre espere, às vezes eu nem mesmo chego a querer que tudo dê em alguma coisa.
Mas eu não consigo ver a mínima graça quando desde o começo já se sabe que não vai dar em nada.

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

Não amo ninguém

"Que os dias de vocês nasçam todos felizes, com todo o amor que houver nessa vida. Que piadinha escrota." Cazuza

Como você quer que eu te ouça
Se você segue gritando em silêncio
Ou quer que eu me faça entender
Se você sempre silencia meus gritos

Já cansei de tentar te entender (ou a mim mesmo)
Lí em algum lugar que, se fossemos simples o bastante para nos entender,
Seriamos tão simples que ainda assim não seriamos capazes de nos entender.

Confuso, ou não.

Eu sei bem o que você sente
E você sabe bem o que sinto
E nós sabemos que sentimos exatamente a mesma coisa

Nada.

Mas eu também lí, de um poeta mexicano, o seguinte:
"Siempre que haya un hueco en tu vida, llénalo con amor."

Piegas?
Com certeza.
Papo furado?
Muito provavelmente.
Se eu acredito?
Não, eu acho.

Quer saber?
Deixa pra lá.

segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Zum.

Eu sou da opinião de que sempre estaremos fadados a repetir:
"Fui feliz e não sabia"
Não por miopia ou insensibilidade ou incapacidade de percebermos os momentos de felicidade. Não sou pessimista assim.
Acontece que esses momentos são tão breves,
Tão ariscos,
Que, neles, só dá tempo mesmo de sermos felizes,
E olhe lá!

Passou.

domingo, 6 de dezembro de 2009

Transgressões

Se limites existem, algum motivo deve haver.
Se limites são quebrados, então, tem que ser por um ótimo motivo!
Quando esses motivos não existem, só sobra o vazio, a impotência e a insatisfação.

sábado, 5 de dezembro de 2009

Mixtape



Fiz uma playlist com muito do que eu tenho ouvido ultimamente. Tem coisas muito novas e outras nem tanto. Destaque para Vai Desabar do Gero Camilo e Verão de 69 do Ecos Falsos, músicas que eu não consigo tirar da cabeça.
Se eu perceber que alguma alma viva baixou, posso fazer disso periodicamente, quem sabe.
Vai aí o tracklist:

1. Be Bop a Lula / Raul Seixas e Marcelo Nova 0:26
2. baby, o amor está tão na moda! / soulstripper 2:20
3. O que Eu Não Fiz / Zefirina Bomba 2:41
4. Essa Mulher / Rockz 3:37
5. Verão de 69 / Ecos Falsos 3:42
6. Old Brown Shoe (Demo) (Harrison) / The Beatles 3:03
7. Frevo de Saudade / Sonantes 3:40
8. O Lagarto / Nekropolis 2:12
9. Vai Desabar / Gero Camilo 5:36
10.Handlebars / Flobots 3:27
11.Até o Joelho Cair / Jennifer Lo-Fi 5:00
12.04. Pictures And Paintings / Júpiter Maçã 3:07
13.Desquite / Cérebro Eletrônico 3:02
14.Copernicus / The Mars Volta 7:23
15.Stickin' To The Floor / Arctic Monkeys 1:19
16.Who Knows / Jimi Hendrix 9:35

Duração: 1h

DOWNLOAD

Enjoy!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Ocaso

E pelo horizonte apontou mais um final de ano. Enquanto muitas das coisas da vida vêm devagarinho, enquanto a gente vai se acomodando com a presença delas, o fim de ano sempre me veio como um foguete. Se tudo aparece como o sol nascendo, então no fim do ano eu me sinto como se acordasse ao meio-dia, com o natal e o ano novo a pino na minha cara.

Engraçado como a gente costuma usar essa época pra balancear nossa vida, fazer planos, muitos planos, que poucas vezes se tornam realidade. Eu nem lembro se fiz algum ano passado. A virada de ano chega a parecer uma desculpa pra não termos que tomar atitudes nos outros dias do ano.

Esse em especial, portanto, é para mim uma mudança e tanto. Acontece que ano que vem eu me torno maior de idade. Acontece que nesse ano eu acabei o colégio, pra onde eu ia naturalmente desde quando eu tinha 7 anos. Meu corpo acordou sozinho (não sem alguma resistência) e meus pés andaram sozinhos para o mesmo lugar, acostumados de um movimento incessante iniciados há 10 longos anos.

Ano que vem isso não acontece mais, a verdade é que ano que vem, pela primeira vez na vida, eu não tenho toda a certeza do mundo de que horas vou acordar, aonde eu vou acordar, e pra onde eu vou quando eu acordar.

"O homem que sai fora de seu meio está condenado ao desajustamento. Se retornar ao meio onde foi gerado e criado, não conseguirá mais readapitar-se. Se permanecer no meio onde está, sentir-se-á sempre cobrado pelos atos ou palavras que não supunha existirem. Sua possibilidade de escapar à sensação de marginalidade e alheamento (ou estranheza) ao que o cerca seria voltar-se para a contemplação, procurando no encontro com o 'divino' o que o 'humano' não lhe concedeu." Caio F.

Dizem por aí que o tempo passa. Mentira. A gente passa e o tempo fica.